ou de como todo o lixo e clichê serão utilizados ou isso um dia foi uma dança fragmentada

19
Jun 09
Neste fim de semana acontecerá uma mostra de filmes franceses no Centro Cultural deTaubaté. O convite me foi feito por email.
Bacana, não é? Claro, se não fosse um porém para mim  e para muitos que gostam de cinema, deixando toda a  mostra nem um pouco bacana.
Por quê?
Primeiro é necessário ler o convite do evento que literalmente controcê-controvê coloco abaixo:
( ressalto, essa foi a única forma de divulgação)

"CONVITE AOS CINÉFILOS E AMIGOS CULTURAIS
 
Abaixo informações sobre o evento VIRADA CINE FRANCE DE TAUBATÉ que acontecerá neste sábado, dia 20 de junho, no Centro Cultural Municipal, em homenagem ao Ano da França no Brasil, realizado pela Prefeitura Municipal de Taubaté.
 
Contamos com a sua presença e de seus familiares.
 
Um abraço.
 
WLADIMIR PEREIRA
Área de Cultura do DMATUC
Prefeitura Municipal de Taubaté
(12) 3625-5140 e 9112-8256
 

Prefeitura de Taubaté Promove Virada Cultural Francesa no Centro Cultural

 

 

A Prefeitura de Taubaté, por meio da Área de Cultura do DMATUC, promoverá neste sábado, dia 20 de junho, a partir das 19 horas, a Virada Cine France de Taubaté em homenagem oa Ano da França no Brasil.
O evento se estenderá por toda noite com exibição de filmes franceses, com inserção de músicas e atrações circenses a cada intervalo.
Os filmes escolhidos para a Virada são da nova safra de produções francesas. Segue abaixo a programação da noite:
19 horas - abertura oficial com atrações circenses.
20 horas - filme: Al'Ataque!
22 horas - filme: Dieu Vomit Les Tiedes
Meia-noite - filme: Le Bleu Des Villes
02 horas - filme: Artaud
04 horas - filme: Petites Coupures
07 horas- encerramento com grandes surpresas
A Virada Cine France Taubaté tem como parceiro cultural a Aliança Francesa Vale do Paraíba e acontecerá no Centro Cultural Municipal, situado na Praça Cel. Vitoriano, 1, centro de Taubaté. Entrada franca. Informações pelo telefone (12) 3625-5140 e pelo e-mail eventos@visitetaubate.com.br.
O evento é um projeto ousado e pioneiro na cidade, que pela sua riqueza cultural e importância social, valorizará ainda mais a Cultura da nossa região"

Bom,  depois de ler isto eu pensei:

Por que infelizmente a organização do Centro Cultural responsável pela mostra  de cinema francês  não pensa no público?

Eu  iria  sem problemas assistir à mostra, mas infelizmente, essa, está sendo organizada por pessoas que não conhecem a dinâmica de cinema e muito menos do público da cidade.

O fato é que grande parte dessas  mostras cinematográficas  divulgam  filmes ou de difícil acesso ou fora do circuito ou os dois que possuem especificidades
que não atraem o público médio. Principalmente em Taubaté.
 
O cinema francês é conhecido, principalmente depois de Carriers du Cinema Godard e Cia, como um cinema de difícil assimilação, muita mais preocupado em uma originalidade artística do"eu-diretor"  do que no feitio de um filme para o grande público.

Ao contrário do cinema americano, em que tudo pode ser embalado em uma fórmula, o cinema francês sempre se exigiu uma originalidade. É claro que em nome dessa originalidade um deserto de porcaria é produzido.

Por isso se faz necessário que cada filme seja assistido separadamente, para que o público possa desenvolver um conceito crítico.Assistir a uma enxurrada de filmes madrugada a fora não trará prazer estético nenhum.

Primeiro, tem o  sono; segundo, a cabeça de quem se permite tal desatino vai ficar tão carregada de imagens, sons, roteiros, que tudo vai se perder.

Parece brincadeira, mas não é não. Uma imersão nesse sentido é o mesmo que uma pessoa ler num intensivão todo o Lusíadas. Perde-se todo o sentido da obra.

E aí é que está o problema quando os  organizadores não entendem o mínimo do mecanismo estético que cada país tenta projetar em seus filmes.

Além desse problema interno há vários problemas geográficos - temporais que prejudicam uma virada: É inverno, o lugar é uma " quebrada estranha" carregada de viciados emcrack, a segurança da prefeitura é pífia etc

Sem dizer que Taubaté é uma cidade do interior! que possui um ritmo totalmente diferente da capital.

Isso prova um total despreparo e falta de conhecimento dos organizadores sobre o objeto artístico e o seu público- alvo.
 
Viradas culturais funcionam quando são eventos com muita música e som que celebram a alegria de viver. Viradas pela madrugada são feitas para o corpo.
 
PS: DAqui a pouco eles fazem uma RAVE de filmes iranianos.

publicado por léo mariano às 22:01

12
Jun 09

Eu moro em Taubaté. A USP para mim é só um ponto de orientação intelectual. Não tenho relações afetivas com essa comunidade.O que não escondeu o meu horror ao ver que pessoas apanhavam

Bater é errado, minha mãe me disse. Apanhar dói. E Infelizmente eu só voltei a tomar uma posição sobre isso quando a normalidade foi quebrada. Por que para mim, terrivelmente, se tornou natural  que as pessoas “abaixo de mim” apanhassem. Voltar a ordem é tudo. Meu Deus, que ordem? Lendo e vendo o que aconteceu, apenas uma coisa me ocorreu: a culpa daquela violência e de muitas violências é minha.

Sou eu, que apático, alimento um espírito Coletivo de Violência que é  quem realmente assina embaixo o direito à truculência, muitas vezes disfarçada com a máscara do bom tom.

 Não é apenas o governador, ou o policial, ou o juiz, ou o bandido que autoriza “tocar terror geral”; sou eu, um pacato taubateano, que engordando a Cultura da Violência com o meu dinheiro, o meu pensamento, o meu prazer estético etc é que autorizo o espancamento de estudantes, o espancamento de pobres, o assassinato de presos, a caça a policias, os abusos infantis, o estrangulamento da liberdade, o aumento de decibéis e discussões; a violência que me prejudica, machucando de quem eu gosto; desenvolve organismos, igrejas comitês, cooperativas, associações que trabalham insidiosamente na jardinagem de mais violência, cria Datenas e afins.

O pior, ou melhor, é saber que eu gosto de me alimentar de violência, Deus.

Gabriela Leite, uma mulher excepcional, em sua última entrevista ao Roda-Viva, declarou: Essa é uma das épocas mais conservadoras que vivemos.

E para mim, mais conservadorismo é igual a mais violência, habilmente trabalhada, me alimentando e me dando prazer.  

 

Esse post é uma espécie de resposta/ diálogo com dois posts que mexeram comigo.

 

O texto da Olívia Maia, O outro é o texto da Mariana, via  Marcos Donizetti

 

publicado por léo mariano às 19:22
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